É com emoção que a Protoiro recorda o ganadeiro Mário Vinhas, ontem falecido com 90 anos de idade.
Foi uma figura ímpar da vida portuguesa e da tauromaquia.Segundo a Protoiro, "a tauromaquia perde uma figura notável, com uma obra ganadera única. A sua dedicação ao toiro Bravo e ao Cavalo Lusitano foi enorme. Criou uma ganadaria brava de encaste (raça) único em Portugal, constituindo um património genético raro e que alcançou fama internacional". E acrescenta o comunicado da Protoiro: "O País perde, também, um homem extraordinário, um mecenas e um homem de forte consciência social, muito à frente do seu tempo".
Com seu irmão, Manuel, prematuramente desaparecido em 1977, no Brasil, fundou em 1946 a ganadaria Vinhas, primeiro com vacas e sementais de Pinto Barreiros, posteriormente aumentada com reses de Ignácio Sanchez Vazquez de Pablo.
Mais tarde, em 1964, todo o efectivo da ganadaria foi substituído por vacas e sementais de Joaquin Buendia, puro encaste de Santa Coloma, sendo introduzidos a partir de 1992 sementais de Los Caminos, Buendia e Ana Romero.
Actualmente é a única ganadaria de encaste Santa Coloma em Portugal, sendo os seus toiros uma presença frequente nas principais praças do País, tendo somado muitos sucessos e prémios dentro e fora de portas.
Além de ganadaria, a casa Vinhas está também associada à criação do Cavalo Lusitano, sendo primeira escolha de ilustres cavaleiros e rejoneadores espanhóis.
Filho de Francisco Vinhas e de Luísa Carvalho, descendia de uma família com negócios ligados à indústria das bebidas: águas, vinhos e cervejas. O nome de Mário Vinhas ficará para sempre ligado a marcas míticas como a Cuca, em Angola; a Sagres, em Portugal; a Skol, no Brasil; e a Laurentina, em Moçambique.
Foi descendente e seguidor de uma família empreendedora e humanista detentora de um grande grupo económico que em África se alargava à agro-pecuária, transportes e comunicação social.
Mário e Manuel Vinhas foram sempre olhados com desconfiança por Salazar que via neles homens intrépidos, à frente do seu tempo, cultos e interessados na vida do seu País.
Mário Vinhas estará inevitavelmente relacionado com a actividade mecenática. Assim como Manuel foi mecenas de poetas e pintores, sendo uma referência para artistas como Luiz Pacheco, Júlio Pomar, Ary dos Santos e Cesariny, tendo financiado a construção do Teatro Villaret.
Hoje, a coudelaria da herdade do Zambujal mantém-se activa e continuará o legado dos seus criadores mantendo a excelência e referência em todo o mundo.