Há cinco gerações que a Família Isidro dos Santos vive na arte da campinagem. Neste momento, Pai, filho e neto continuam a viver os toiros, os cavalos e os campinos, de manhã à noite. É isto que fazem, é esta a sua vida!
Na Herdade da Adema, Porto Alto, propriedade da Ganadaria Palha, podemos encontrar Joaquim dos Santos, com 67 anos a montar uma vedação com o filho, de martelo em punho. Não é a sua função habitual mas, como disse ao Jornal "O Mirante", "um campino tem de estar onde e quando é preciso".
Numa Família que descreve a campinagem como "um modo de estar na vida", tendo vivido sempre em Ganadarias, recordam algumas experiências mais e menos positivas. Já viveram em boas casas e em cabanas, mas o amor que têm a esta arte é incontestável.
Luís, filho de Joaquim, tem 47 anos e já nasceu na Ganadaria Palha. Este afirma orgulhoso que a vida de Campino está enraizada no sangue da sua Família, desconhecendo outra que tenha tantas gerações na campinagem, ininterruptamente, realçando ainda o facto de não se conhecer outra Família que viva há tantos anos numa Ganadaria.
Começou a montar a cavalo com quatro anos, ensinado pelo Pai e pelo Avô, Joaquim Isidro dos Santos, que viveu até aos 91 anos. Hoje também já o seu filho mais velho, Rui dos Santos com 22 anos, decidiu seguir a paixão da Família. Ainda que o Pai o tenha tentado afastar de uma profissão dura e com pouco retorno financeiro, Rui faz questão de seguir as pisadas dos seus antepassados. Adora esta arte e afirma que lhe corre no sangue.
Todos insistiram para que Rui estudasse e fosse bom aluno, mas desde que aos dois anos o puseram pela primeira vez em cima de um cavalo, nunca mais quis outra coisa. Quando sabia que iam tratar dos Toiros inventava que estava doente para faltar à escola. Hoje trabalha na Companhia das Lezírias, ao lado da Herdade da Adema.
Iniciando-se como Campino aos 18 anos, já é presença nas Praças de Toiros a recolher os Toiros para os curros, trajado de Campino. Acompanhado pelo Pai que afirma ter sempre o coração nas mãos, "é que nesta vida nunca se sabe quando os toiros estão mal dispostos".
Joaquim dos Santos, Pai de Luís e Avô de Rui, por várias vezes levou cornadas e partiu costelas, conta até que uma vez partiu uma costela a rir no circo, de tão mal curada que estava uma lesão antiga.
Os Campinos desta Família não usam relógio, guiam-se pelo sol e no que toca às refeições, pelas horas da barriga. O trabalho de guardar os Toiros é feito a pé ou a Cavalo, numa herdade de 600 hectares e os sacos de ração são carregados à mão, não pelas máquinas.
O mais velho da Família, actualmente, afirma que nunca tirou férias mas que ainda assim viajou pelo mundo, andou de barco e de avião, sempre a representar a Ganadaria Palha. Acrescenta que se não fosse a Festa Brava, provavelmente não teria esta sorte, como outros não têm. Joaquim dos Santos sente a Ganadaria como se fosse sua e afirma "Sou de uma família de campinos com muito orgulho".
Notícia: O Mirante